quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Amores, Engenheiros do Hawaii e pontos finais

Leia ouvindo "Pra se sincero - Engenheiros do Hawaii"

Era uma tarde de domingo quente e nublado quando você bateu a porta voltando para buscar os seus pertences que haviam ficado em casa. Havíamos colocado um ponto final na nossa curta, mas bonita história de paixão; e só então eu me dera conta disso.
Você pediu licença ao entrar e eu lhe dei passagem, seguindo diretamente para o quarto onde, antes, passamos noites inteiras dando e recebendo amor.
Recolheu suas roupas sem me dizer nada e eu, sem saber se deveria, optei por apenas te observar da porta do quarto. Virou-se para sair quando me viu ali, parada e te observando, assim parando também.
Depois de conhecermos nossos mesmos defeitos, sabemos tudo a nosso respeito, mas nossas indiferenças nos trouxeram até aqui.
Sorriu para mim e andou em minha direção. Novamente dei-lhe passagem e saímos juntos do quarto.
Antes de abrir a porta para ir  embora, olhou-me mais uma vez e, então, me disse:

- Então, é isso! Prazer em vê-la... - hesitou um pouco -  uma última vez.

Eu retruquei:

- Até mais?!
- Quem sabe num desses encontros casuais...
- Quem sabe?

Eu sorri, demos um aperto de mãos demorado e, por fim, um beijo no rosto. 
Sem paixão. Apenas bons amigos.
Ele saiu pela porta, tonando a nossa reticência em um eterno ponto final.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Liberte-se


Há um ano
chorava oceanos.
Há meses
chorava mares.
Mês passado
chorava rios.
Nesse mês
chorou lagos.
Semana passada
chorava uma chuvinha.


Hoje
não chora.

Amanhã
irá sorrir.

Permita o amanhã chegar!



sexta-feira, 7 de novembro de 2014

De todas as decisões difíceis que já tomei, esquecer-te certamente foi a mais dolorida. Depois de tanto tempo de desamor (próprio e recíproco) me vi obrigada a deixar-te das maneiras mais minhas, seguir em frente sem aquele você que você nunca foi de verdade.
Senti o sufocamento de negar e rejeitar o meu próprio sentimento, quase tão pior quanto tê-lo carregado esse tempo todo sem que você o aceitasse e me ajudasse a suportá-lo. Percebi o quanto pesa sentir sozinha e como esquecer algo que nem ao menos chegou a acontecer, e pior, nunca teve chances de acontecer, é trabalhoso. Bastava estar menos apaixonada para notar.
Mas, apesar dos apesares, se colocar na balança estou quilos mais leve sem você por aqui. Não sinto mais a tensão e o peso de carregar tanto sentimento sozinha nas costas. 
Estava farta, cansada e pesarosa, pois um sentimento de tal intensidade necessita ser compartilhado a dois; senti-lo sozinho é exaustivo, é danoso... E se não for pra compartilhá-lo decidi que é melhor não carregá-lo por aí, sem ter como aguentar.
Então, enquanto isso, vou carregando-o em uma mala com rodinhas, bem guardado, até que alguém queira dividi-lo comigo nessa caminhada de sentir, livrando minhas mãos da mala para que possa enfim segurá-las.


sábado, 4 de outubro de 2014

Eu sinto muito...

E mesmo agora, depois de dois meses, eu ainda sinto. Aliás, como não sentir? Afinal, eu sempre senti tanto, senti por nós dois. Senti o amor, o calor e intensidade dessa paixão. Senti, por todo tempo, a expectativa e o sentimento crescente dentro de mim. O carinho, a compreensão, a dedicação.
Mas só eu senti, senti sozinha o tempo todo. E ainda sinto, sinto muito, sinto demais. Por você ter sido tão raso enquanto eu mergulhava de cabeça e criava cicatrizes que não se curam. Sinto por você não perceber a intensidade dessa paixão, por não reconhecer o quão grande era o sentimento que eu tinha a te oferecer. Por talvez eu não ter sido pra você aquilo que você sempre significou pra mim.
Eu sinto muito por ter me apaixonado tanto, ter me arriscado tanto e perdido as estribeiras tantas vezes. Sinto mais ainda por ter que te deixar ir embora, seguir em frente e aceitar que não e nunca vai ser diferente. Por você ser tão indiferente, por tudo isso ser tão triste.
Eu sinto demais. E sinto muito por sentir demais.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Das lembranças tuas

Ainda que o seu sentimento caia por terra, irei me lembrar de cada detalhe teu, dos seus trejeitos e manias.
Irei lembrar-me daquele dia que, sentados no banco daquela praça, eu lhe ouvia contar os teus sonhos, os teus medos, tuas vontades e gostos. Sobre como falava com tanta paixão sobre as coisas mais simples.
Lembrarei da tua risada quando, enfim, eu dizia algo que lhe parecia engraçado (mesmo que não o fosse); e do teu sorriso despretensioso e charmoso que eu via surgir em seus lábios sem motivos aparentes.
Não irei esquecer da maneira como falava, gesticulava e brincava arrancando-me risos, sorrisos e suspiros. E se eu fechar os olhos e me concentrar por um instante, ainda sinto o cheiro delicioso do seu perfume aguçando os meus sentidos.
Não posso esquecer de como você me proporcionou sentimentos bons em meio a tanto caos e preocupação da vida cotidiana, não posso esquecer-me de você, não quero esquecer-te.
Espero que não me esqueça também.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Sob o brilho da lua nasceu.

Pelo brilho dos olhos,
pelo tom da voz,
pelo sorriso ardente
Enlouqueceu.

Com o toque na pele,
e o cheiro suave,
pelo beijo harmonioso
Apaixonou-se.

E o tempo passou,
e a indiferença soprou
os sentimentos de um coração apaixonado
que de angústia adoeceu,
e de desespero, desesperançou-se
E tudo de mais belo esvaeceu.

Mas, como tudo de mais belo, ressurgiu
E encontrou-se em outra alma.
E enlouqueceu,
E apaixonou-se
Mas não desesperou-se.
Apenas reviveu e não mais desvaneceu.

E pensar que em uma dessas,
no caminho quase se perdeu.
E (imagine só!) quase morreu
de (des)amor.

domingo, 1 de junho de 2014

Sentei-me no balcão de bebidas sozinha. O zum-zum ao meu redor, de pessoas cheias do que compartilhar, preenchiam o silêncio do ambiente, mas não o meu vazio.
Sem intenção, comecei a embriagar-me de você, das suas lembranças. A primeira dose desceu ardendo, podia senti-la em meu peito. 
As próximas já não doíam tanto.
Aos poucos já não sentia mais nada além do seu perfume e do arrepio que sua voz provocava em mim. Podia te sentir tão perto como não estava.
Acontece, meu caro, que lembranças são como bebida barata: sacia tua vontade e te faz sorrir; mas a ressaca é infinitamente pior.